Estaria a fonte da juventude nas mãos da ciência?

Publicado por Noé de Toledo em

Estaria a fonte da juventude nas mãos da ciência?

Toda a vida do planeta tem a mesma origem primária, isto é, vem de uma mesma fonte primordial que, aparentemente, surgiu há bilhões de anos. Acredita-se que, após esse início, essa forma de vida tenha se difundido por todos os cantos da Terra e, devido à imensa diversidade de ambientes, evoluiu para dois grandes reinos: o Reino vegetal e o Reino animal. Os elementos de cada um desses reinos evoluíram para um incontável número de espécies. Certamente há ainda, em nosso planeta, uma imensidão de formas de vida não descobertas pelos biólogos. No Reino animal, o homem está no topo, pois é o único capaz de se reconhecer como indivíduo e a ter consciência de sua mortalidade, além, é claro, de possuir inteligência e atributos físicos capazes de modificar o seu meio conforme sua conveniência.

Após seu aparecimento, o homem vem evoluindo, mental e intelectualmente, de modo ininterrupto. Sua mente é capaz de relacionar todas as informações que recebe, através dos órgãos dos sentidos, e criar uma visão global de seu ambiente, o estimulando a tentar entender, incessantemente, os mistérios de tudo o que surge em sua consciência. Isso tornou a vida do homem muito interessante e prazerosa, criando nele grandes apegos que, eventualmente, o fazem tentar prolongar seus momentos de alegria indefinidamente. A natureza de qualquer fenômeno no Universo tem como base a mudança, inclusive o próprio Universo. Todas as coisas, do Sol à nossa vida, são impermanentes. Vivê-las intensamente, quando acontecem, é muito bom, mas se apegar a elas é fonte de sofrimento.

O homem vem tentando prolongar sua vida e juventude há milênios. Por achar que tudo é vivido mais intensamente na fase de maior vitalidade, criou a lenda da fonte da juventude. A busca por essa fonte levou alguns homens à morte. Tanto a magia dos povos antigos quanto a tecnologia do homem moderno têm sido empregadas nessa tentativa. Algumas pessoas são capazes de fazer qualquer coisa para evitar o envelhecimento e a morte. Toda a vida do planeta busca sobreviver, independentemente do grau de complexidade a que pertença. Os mais simples animais tentam preservar suas vidas. Assim também acontece com o homem.

Mas no homem há a razão, o que o torna mais apto a se proteger e inventar mecanismos para se preservar.

O ciclo de nascimento, envelhecimento e morte pode ser muito amedrontador para algumas pessoas, as obrigando a ir além do tratamento das doenças humanas, na tentativa de parar o envelhecimento. Nessa busca, o homem espera viver indefinidamente. Supondo que isso seja possível, será que seria suportável? Essa é uma questão filosófica para contemplarmos num outro texto.

Atualmente temos algumas experiências em andamento:

Há vários anos alguns milionários excêntricos, de países desenvolvidos, têm patrocinado aquilo a que chamamos criogenia. Criogenia é uma técnica de congelamento muito rápido, do corpo humano, ou mesmo da cabeça humana, na esperança de que, quando a tecnologia médica chegar ao conhecimento necessário, esses corpos possam ser ressuscitados, rejuvenescidos ou curados de doenças para a quais ainda não temos tratamento, podendo voltar à vida e continuar existindo indefinidamente. Há quem chame essa tentativa de “forma moderna de mumificação para a vida eterna”!

A clonagem de órgãos também está sendo estudada para substituir órgãos similares que vão se tornando ineficientes pelo envelhecimento ou doença. Se essa clonagem for feita a partir de células-tronco da própria pessoa, os órgãos serão transplantados sem qualquer risco de rejeição ou inadaptação.

Há, também, pesquisas na nanotecnologia. Nanotecnologia é a teoria de que se pode criar micro-robôs, do tamanho de células, programados para destruir cânceres, bactérias e anomalias teciduais no corpo humano, quando colocados em seu interior através da circulação sanguínea.

O domínio da genética poderá possibilitar a correção de erros no genoma, assim como melhorar a resistência e eficiência celular, dando às células condições de sobreviver por mais tempo ou, até, indefinidamente. Para ilustrar essa colocação podemos citar experiências recentes com uma enzima chamada telomerase que poderia aumentar o número de vezes que as células de nosso corpo podem se dividir no processo natural de sua reciclagem. Durante a vida as células de nosso corpo vão perdendo sua vitalidade e função, sendo repostas conforme vão morrendo. Infelizmente esse processo tem um limite, pois com o tempo as novas células, que são cópias das anteriores, vão perdendo a vitalidade, causando o envelhecimento. Para entender melhor, podemos fazer uma comparação interessante: imagine que você faça um lindo desenho. Um amigo gosta e faz uma xerox. Um amigo de seu amigo vê a xerox, também gosta do desenho e fax uma xerox da xerox para ele e, assim, isso vai se repetindo. Imagine como será a definição da centésima xerox. Assim ocorre com as células. Suas cópias vão esvanecendo, se tornando cada vez mais frágeis e ineficientes. A maioria de nossas células são substituídas várias vezes durante a vida. Estudos mostraram que a telomerase tem a capacidade de devolver grande parte da vitalidade celular, estimulando as células a fazer reproduções muito fieis de si mesmas, além de aumentar o número de vezes que isso pode acontecer. Se uma técnica adequada de controle dessa enzima for dominada, será possível aumentar consideravelmente nosso tempo de vida, talvez em alguns séculos.

Tudo isso está, ainda, no campo de especulação e pesquisa. Mas o homem é perseverante e inteligente, e em algum momento poderá ter sucesso.

Pense em como seria viver uns 250 anos. Seria suportável? Se sim, o que poderia nos manter interessados pela vida durante tanto tempo?

Assim como depois de um dia, nosso corpo precisa dormir, será que num ciclo maior, nossa mente também não precisa descansar após uns 90 anos de atividade?

Esses mistérios são desafiadores e polêmicos, mas não deixam de nos intrigar em algum momento de nossas vidas.


3 comentários

Lúcia Gusmão · fevereiro 24, 2017 às 10:41 pm

Que texto maravihoso! O melhor da série! Excelente abordagem, científica e filosófica, do assunto que interessa a todos.

    Admin · fevereiro 27, 2017 às 12:41 am

    Obrigado Lucia!

    Admin · fevereiro 27, 2017 às 12:42 am

    Obrigado!

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